BovetO espetacular Bovet Récital 28 "Prowess 1"
12 de março de 2025
O espetacular Bovet Récital 28 "Prowess 1" foi o vencedor do Grande Prêmio de Relojoaria de Genebra (GPHG) na categoria "Mecânica Excepcional".
A premiação do Récital 28 "Prowess 1" naquele que é considerado o "Oscar" da relojoaria foi um justo reconhecimento para um relógio verdadeiramente excepcional, que inovou ao resolver o desafio moderno de cronometria imposto pelo Horário de Verão (DST - do inglês Daylight Saving Time).
Diferentemente dos relógios tradicionais de hora mundial, o Récital 28 utiliza um sistema de rolos bastante intrincado e inovador, que permite que viajantes de todo o mundo ajustem o relógio para qualquer um dos 24 fusos horários globais, incluindo UTC, Horário de Verão Americano e Europeu e Horário de Inverno Europeu. Além desse recurso exclusivo, o relógio ostenta um turbilhão volante de grandes dimensões, um calendário perpétuo com indicações baseadas em rolos e uma notável reserva de marcha de 10 dias em um único tambor.
Resultado de mais de cinco anos de desenvolvimento, a técnica excepcional é acompanhada de um acabamento manual meticuloso, que inclui pontes gravadas à mão, em um relógio de produção limitada a apenas oito relógios por ano em ouro vermelho 18K, platina 950 e titânio grau 5.
O Récital 28 Prowess 1 é a mais recente evolução de uma ilustre linhagem Bovet de relógios de múltiplos fusos horários, que inclui relógios de fuso duplo, três fusos horários e hora mundial, e representa um salto significativo na resolução de problemas de cronometria terrestre.
Ao longo da história da relojoaria, inovações surgiram para resolver problemas específicos. Por exemplo, o turbilhão foi inventado para neutralizar os efeitos da gravidade na precisão quando um relógio de bolso permanecia em uma só posição (sobre uma mesa, dentro de um bolso, etc).
Uma vez que as viagens ao redor do mundo se tornaram cada vez mais frequentes, relógios de hora dupla e hora mundial foram desenvolvidos para que os viajantes pudessem saber que horas eram em diferentes partes do globo.
Agora, com o Récital 28 Prowess 1, a Bovet abordou um problema de cronometria mais moderno e o resolveu de uma forma inovadora e elegante.
O problema está no fato de que, desde que o horário de verão (DST) foi introduzido, os relógios de hora mundial não conseguiram se adaptar aos caprichos de quando o DST começa e termina em diferentes países e dos países que não o adotam (cerca de apenas 70 países usam alguma forma de DST).
Para solucioná-lo, o Récital 28 Prowess 1 da Bovet, graças a um engenhoso sistema de rolos, pode ser ajustado para qualquer um dos 24 fusos horários em:
UTC - Tempo Universal Coordenado
AST - Horário de Verão Americano
EAS - Horário de Verão Europeu e Americano
EWT - Horário de Inverno Europeu
Além desta forma notável de gerenciar a diferenciação de fusos horários ao redor do mundo, este relógio também apresenta um grande turbilhão voador, um calendário perpétuo com indicações usando rolos e um disco e 10 dias de reserva de marcha em um único tambor.
Não há outro relógio no mundo que faça tudo isso mecanicamente, e cada componente é finalizado à mão e as pontes do movimento são todas decoradas e gravadas à mão.
Um pouco de história dos Fusos Horários
A humanidade vem tentando dominar a cronometria desde o início dos tempos, começando com relógios de sol, relógios de água, relógios de incenso e muito mais.
Em meados do século XIX, quando a Bovet foi fundada, o mundo estava um caos em relação à cronometria. Cidades, vilas e aldeias operavam no "tempo solar local", independentemente de qualquer outra cidade. O meio-dia no relógio era quando o sol atingia seu zênite onde quer que você estivesse - mas esse momento mudava com sua longitude. Então, quando era meio-dia em Nova York, City, eram 12:12 em Boston, Massachusetts; 11:30 em Cleveland, Ohio; e 11:14 em Indianápolis, Indiana. Em uma metrópole como Nova York, o horário local podia variar até um minuto ou mais entre os lados leste e oeste da cidade. O horário do sol diferia em cerca de 30 segundos entre as duas extremidades da Ponte São Francisco-Oakland.
Como se pode imaginar, à medida que as viagens aceleravam graças às ferrovias, combinar os horários dos trens se tornava um pesadelo logístico.
Em 1878, o canadense Sir Sandford Fleming propôs o sistema de fusos horários mundiais que usamos hoje. Ele recomendou que o mundo fosse dividido em vinte e quatro fusos horários, cada um espaçado em 15 graus de longitude.
Graças às ferrovias, o horário padrão foi introduzido e usado em todo o sistema ferroviário e, em 1884, o sistema de 24 fusos horários foi adotado e usado em todo o mundo, com base no Meridiano Principal em Greenwich, Reino Unido.
O governo dos EUA adotou oficialmente o horário padrão em 19 de março de 1918, embora ele já fosse usado em todo o país há muitos anos. Em pouco tempo, a maior parte do mundo estava mantendo a hora por esse sistema. Em 1972, a maior parte do mundo adotou o Tempo Universal Coordenado (UTC) e os fusos horários oficiais passaram a ser indicados por +/- UTC, em vez de GMT.
História do Horário de Verão (DST)
O DST foi introduzido pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial, depois foi reinstituído novamente durante a Segunda Guerra Mundial, para economizar energia e ter mais luz do dia. Países ao redor do mundo adotaram ou ignoraram o DST de várias maneiras - países mais próximos do equador, por exemplo, não usam o DST, pois os horários do nascer e do pôr do sol não variam muito.
Hoje, as coisas não estão melhores. Países como China, Emirados Árabes Unidos e Índia não usam o horário de verão. Mesmo nos EUA, Havaí e Arizona não usam o horário de verão, embora a Nação Navajo no Arizona o faça. Além disso, o horário de verão e as datas da mudança de horário variam, o que torna difícil determinar que horas são em qualquer lugar do mundo durante algumas semanas do ano.
Recentemente, muito tem se falado sobre o fim da mudança de horário por completo, adotando o horário padrão ou o horário de verão para o ano inteiro, embora isso novamente esteja sujeito às decisões de cada país.
A gênese do Récital 28 Prowess 1
Desde a aquisição da Bovet em 2001, seu proprietário, Pascal Raffy, sempre teve seus pensamentos sobre os céus e como interpretar melhor as várias maneiras de contar as horas. No passado, ele incluiu mapas celestes, Equação do Tempo, Tempo Sideral e equinócios de Verão e Inverno, só para citar alguns.
"Quando o Récital 26 Brainstorm Chapter Two (2020) estava em desenvolvimento, eu disse a mim mesmo que uma das principais coisas que eu adoraria ter no meu pulso seria um relógio universal excepcional que pudesse ser ajustado para os caprichos da hora mundial", explica Raffy. "Todos os anos, entre o horário de verão e o horário de inverno, há semanas que não coincidem e países que usam apenas um horário durante todo o ano. No Récital 28 Prowess 1, os 24 fusos horários estão em rolos às seis da tarde e o sol (o turbilhão) está às 12. Com um toque na coroa, você pode ajustar os quatro horários diferentes. É uma Prowess (Proeza, em inglês) absoluta e agradeço à minha equipe pelos cinco anos de trabalho duro investidos neste relógio fantástico.
"Em junho de 2022, tudo estava pronto para entrar em produção, mas parei o projeto porque ainda não havia tido a ideia de girar os cilindros", ele continua. "O conceito então era ter um sistema de hora mundial como o do Orbis Mundi, mas na Bovet sempre precisamos impulsionar a relojoaria. Todos nós achamos que o trabalho estava feito, mas eu desafiei minha incrível equipe de engenheiros e relojoeiros e eles superaram o desafio - o resultado é realmente uma obra-prima mecânica."
Todo o processo de desenvolvimento do Récital 28 Prowess 1 levou mais de cinco anos, com a pesquisa e o desenvolvimento começando enquanto a Bovet estava no meio do complicado e demorado projeto Rolls-Royce Boat Tail.
Detalhes do Relógio
No sistema de hora mundial, os 24 rolos têm quatro posições cada, todas controladas pela coroa - UTC, AST (horário de verão americano), EAS (horário de verão europeu e americano) e EWT (horário de inverno europeu). Ao se empurrar a coroa, cada cilindro individual gira 90 graus, então cada fuso horário pode ser ajustado individualmente. O rolo de data é baseado em um design de Leonardo da Vinci, escolhido porque o departamento técnico precisava de uma solução em que a engrenagem não fosse muito apertada. Com esse sistema, uma vez que o rolo se posiciona em sua abertura, ele é mantido no lugar por sua mola, e o rolo é liberado da engrenagem.
O movimento que alimenta o Récital 28 Prowess 1 é totalmente novo, usando o turbilhão volante de dupla face patenteado da Bovet como base. O turbilhão foi ampliado - o escape está em um lado do ponto de fixação central, com a gaiola carregando a roda de balanço e a mola de balanço in-house da Bovet no outro lado, tornando-o ainda mais transparente e hipnotizante do que antes. A gaiola redesenhada é a mais leve que a Bovet já usou (62 componentes, sendo 39 completamente novos), com um peso total de 0,35 gramas). O Récital 28 Prowess 1 está alojado em um tamanho totalmente novo para a caixa "Writing Desk" de marca registrada da Bovet (46,30 mm) para permitir que o turbilhão, que está na posição das 12 horas, tenha espaço suficiente na parte mais larga da caixa.
No calendário perpétuo, a data, a indicação do ano bissexto e o mês estão em rolos, então quando chegam ao último dia e mês respectivamente, a data gira para trás como uma máquina caça-níqueis, com um sistema de amortecimento especial para pará-la suavemente, enquanto os outros dois giram para frente. Mais um motivo para se ficar acordado até meia-noite no final do mês e especialmente no final do ano para assistir a todos os rolos se moverem. Na parte de trás do relógio, a Bovet revelou o funcionamento interno do mecanismo do calendário perpétuo pela primeira vez, e é realmente um deleite visual.
Com relação à decoração e ao acabamento, cada um dos 744 componentes é acabado à mão, a platina é decorada com perlage e Côtes de Genève, e as pontes também são gravadas à mão. De particular atenção é o chanfro das principais estruturas do movimento - o método usado é chamado de ângulo "reentrante". Um ângulo é reentrante quando dois chanfros se encontram no interior. A intersecção deve ser limpa, com uma única linha formada no ponto de encontro. Este tipo de canto é o mais difícil de produzir, dificuldade que aumenta quanto mais aguda for a ponta. Isto requer mãos experientes - atualmente, não há máquina capaz de produzi-lo.
Produção limitada
O relógio tem produção muito limitada, pois a Bovet só tem condições de fabricar à mão um total de oito relógios por ano, uma vez que cada movimento leva semanas para ser montado. O Récital 28 Prowess 1 está disponível em ouro vermelho 18K, platina 950 e titânio polido grau 5.
"Com o Récital 20 Astérium, o Récital 22 Grand Récital e o Récital 26 Chapter Two, focamos em combinar os céus e a Terra", explica Raffy. "Com o Récital 28 Prowess 1, estamos resolvendo o problema do tempo terrestre com um timer mundial que pode ser ajustado para todas as variações de cronometria ao redor do mundo. Com este relógio, você nunca ficará perdido sobre que horas são em qualquer lugar do mundo."
Récital 28 "Prowess 1" - Ficha técnica
Movimento
Movimento de manufatura a corda manual de alta relojoaria (calibre R28-70-00X)
Diâmetro de 38 mm (16 3/4 linhas), 13,30 mm de altura
744 componentes, 51 rubis
Frequência de 18.000 aph (2,5 Hz)
Reserva de marcha de 10 dias (240 horas)
Caixa
Caixa Dimier "Writing Desk" (escrivaninha)
46,3 mm de diâmetro, 17,85 mm de espessura
Em ouro vermelho 18K/platina/titânio polido grau 5 com fundo transparente em cristal de safira
Resistência à água até 30 metros
Mostrador
Anel interno e externo em aventurina, rolos em PVD preto
Funções
Horas, minutos, segundos no turbilhão volante
Hora mundial em rolos com UTC, horários de verão e inverno
Calendário perpétuo com rolos para a data (retrógrado), o mês e o ano bissexto, discos para o dia
Pulseira
Pulseira de crocodilo preta com costura de platina, fecho de báscula em ouro vermelho/ouro branco 18K
Patentes
Turbilhão volante de dupla face
Dentes tridimensionais nas engrenagens que acionam o rolo do mês
Controle de cremalheira retrógrado
Isolador de função
Preço
650.000 Francos Suíços (sem impostos)
Sobre a Bovet 1822
A Casa Bovet é uma manufatura suíça de relógios de luxo, combinando artisticamente os mecanismos mais sofisticados com o melhor artesanato, empregando técnicas como acabamento manual, gravura manual e pintura em miniatura. Por mais de 200 anos, a Bovet 1822 tem feito à mão excepcionais relógios, permitindo que os colecionadores experimentem o que é o verdadeiro prazer do luxo do tempo. Para garantir ainda mais essa excelência, o proprietário, Pascal Raffy, limitou a fabricação anual de relógios artesanais da Casa, respeitando os processos artesanais suíços, a exclusividade e a singularidade. Desde que Raffy comprou a marca há 22 anos, seu compromisso tem sido honrar as artes relojoeiras para continuar a fazer à mão relógios que fascinam e encantam os colecionadores mais exigentes - tudo isso alcançado combinando artes decorativas, inovação e precisão. Como Guardiã da Manufatura Relojoeira Suíça, a Casa Bovet busca fabricar quase 100% de seus componentes internamente, incluindo movimentos, complicações, ponteiros, mostradores, caixas, e mesmo a espiral e o órgão regulador, o coração pulsante dos relógios finos. A Bovet é reconhecida em todo o mundo como um dos líderes da alta relojoaria e é cobiçada por grandes colecionadores.
Artigo originalmente publicado na Revista Pulso ed. 156, Jan/Fev 2025