A história da relojoaria está recheada de invenções e feitos técnicos, mas um em particular abriu novos horizontes a todos os que dominam esta arte: o Calibre 101 da Jaeger-LeCoultre.
Criado em 1929 nas oficinas da manufatura suíça, este prodígio da engenharia micromecânica tem-se mantido como um ícone da relojoaria ao longo dos últimos 80 anos. 80 anos de história ininterrupta, de avanços tecnológicos consistentes e de criatividade! Em 2009, a Jaeger-LeCoultre escolheu o Festival de Cinema de Veneza como a avenida na qual decidiu celebrar o menor movimento do mundo. Seis modelos diferentes, mas igualmente extraordinários, comemoram este aniversário com um toque de graça e inspiração, transformando o infinitamente pequeno numa variedade e mistura infinitamente abrangente de variações expressivas.
1920 a 1930: este período pleno de acontecimentos distinguiu-se por uma destacada efervescência cultural e artística, progresso técnico e emancipação social – especialmente para a mulher. Foi um tempo de mudanças profundas. O mundo da relojoaria estava a mudar de forma lenta mas segura, passando do relógio de bolso para o relógio de pulso, ao mesmo tempo que também o relógio como acessório feminino estava a dar os primeiros passos decisivos. A introdução em 1924 por parte da Jaeger-LeCoultre do famoso movimento Duoplan foi duplamente importante: do ponto de vista técnico, pelo fato de provar que a elegância e precisão não eram incompatíveis; e ao nível estético, ao libertar o relógio da sua tradicional forma circular. O sucesso global do relógio em forma “baguete” foi o exemplo mais relevante desta tendência estética inovadora.
Apoiada nesta façanha, a manufatura deu continuidade às suas pesquisas referentes a calibres mecânicos cada vez menores, e obteve sucesso na miniaturização do movimento do Duoplan sem com isso comprometer a sua fiabilidade. Este projeto deu origem em 1929 ao Calibre 101, que viria a ser reconhecido sem contestação como o menor movimento mecânico já construído. Integralmente em consonância com o ecletismo feminino, o Calibre 101 permitiu todo o gênero de aproximações corajosas, permitindo aos designers da manufatura definir novas fronteiras e estimular o seu instinto criativo. As versões joalheiras deste modelo têm acompanhado desde então os pulsos mais elegantes e nobres, incluído o da rainha Elizabeth II da Inglaterra, na ocasião da sua coroação em 1953.
Passadas quatro gerações, esta maravilha micromecânica ainda ocupa uma posição de vanguarda na indústria relojoeira, apesar de serem produzidos apenas cerca de 50 exemplares a cada ano. Poucos mestres relojoeiros dominam o sofisticado processo de montagem necessário a este arquétipo de precisão relojoeira. 98 peças contidas dentro de meros 0,2 cm3 e apenas 3,4 mm de espessura; um balanço com uma frequência de oscilação de 21.600 alternâncias por hora; um peso total de apenas uma grama: as características deste mecanismo são só por si um desafio imenso! Cada calibre é único, uma vez que cada peça executada e ajustada à medida, apenas encontra o seu lugar num único movimento. Este domínio brilhante do infinitamente pequeno beneficia apesar de tudo um espectro expressivo de peças, adaptando-se a todo o gênero de desejos pessoais, através da aplicação de diamantes, jogando com sombras e desabrochando através de uma incrível demonstração de versatilidade – admiravelmente demonstrada através dos modelos comemorativos apresentados em exclusivo durante a inauguração do Festival de Cinema de Veneza deste ano.
De expressão contemporânea ou clássica, os modelos de alta joalheria de 2009, que incluem uma interpretação masculina, competem entre si na tarefa de proporcionar um exterior adequado à importância do Calibre 101. Um perfil delgado destacado contra a caixa de um Reverso; um mostrador redondo, quadrado ou retangular revelando ou ocultando o mecanismo; uma gama de nobres e preciosos materiais: cada modelo, limitado a uma série de 3 ou 5 exemplares, emana a sua própria personalidade e afirma o seu caráter distinto. Cada um integra o Calibre 101, a estrela da manufatura, e permite-lhe que este assuma o papel principal num palco brilhante.
Joaillerie 101 1938
Arrastando os admiradores numa viagem pelo tempo à riqueza artística dos anos 1930, esta reedição de um modelo de 1938 inclui uma caixa de linhas afiladas decorada com duas fileiras de diamantes baguete. O bracelete prolonga-se naturalmente a partir do mostrador, enquanto que um festim de padrões e formas geométricas meticulosamente gravadas nos lados exaltam o estilo Art Deco deste modelo. Os ponteiros das horas e dos minutos deslizam graciosamente sobre um mostrador com as dimensões exatas do Calibre 101, deixando no seu percurso uma percepção distinta de que o tempo parou para contemplar a beleza desta obra de arte relojoeira.
Joaillerie 101 Feuille
Como que embalada por uma brisa suave, uma folha apoia-se sobre o pulso e envolve-o com grande elegância. As suas linhas luxuriantes e delicadas destacadas por diamantes baguete ocultam o Calibre 101: a tampa em forma de folha pode ser levantada para revelar o passar das horas e dos minutos, e depois fechada novamente para ajudar a esquecer a marcha do tempo. Uma verdadeira peça de joalheria, a reedição deste modelo de 1959 permite um controle sedutor sobre o seu “domínio privado”, e conta a história da passagem de momentos especiais como se se tratassem de segredos preciosos.
Joaillerie 101 Nodo
Dois laços dourados decorados com diamantes em lapidação baguete e brilhante em sintonia com a sua textura suave e macia, apresentam-se fixos por um nó sobre o mostrador. Irradiando um sentido de movimento vibrante a evocar um tecido nobre, este relógio secreto une a alta relojoaria com a alta costura de uma forma marcante. Inspirado por um modelo histórico da herança da Jaeger-LeCoultre, reconcilia os ângulos da caixa com as curvas suaves da sua face escondida sob um manto de pedras preciosas. Histórico e no entanto contemporâneo, audacioso e no entanto reservado, é alimentado por uma série de paradoxos fascinantes – muito de acordo como as próprias mulheres!
Joaillerie 101 Résille
Uma multiplicidade de safiras azuis e rosa escoltam diamantes na função de amplificar a beleza do Calibre 101. As gemas dispostas em sombras de tonalidades em degradê, expressam a forma artística exigindo uma gama ampla de pedras preciosas necessária à criação de um fusão de tonalidades, um efeito acentuado pela forma extremamente leve com que o relógio envolve o pulso. Simbolizando uma mistura entre a maestria técnica e uma estética sensorial, o modelo encarna a paciência e o talento de mestres artesãos no zênite da sua arte.
Grande Reverso 101 Art Déco, modelos femininos e masculinos
Quando ao infinitamente pequeno é dado lugar de destaque no centro de um dos maiores modelos da linha Reverso, a parada do tempo transforma-se numa ilusão cativante. O encanto invade os detalhes intrincados e transparentes de um modelo no qual o Calibre 101 aparenta flutuar no éter. O tempo suspende o seu vôo…
O efeito “trompe-l’oeil”, numa característica sutil habitualmente reservada aos modelos de mesa esqueletizados da Jaeger-LeCoultre: fixo a um cristal de safira invisível, o mecanismo flutua no coração do relógio, sem sequer revelar qualquer ligação à coroa. Esta última pode mesmo ser removida da caixa para servir como “chave” de corda e acerto, bastando para isso encaixá-la no orifício localizada no fundo do relógio.
Na sua versão feminina, este palco fascinante sucumbe ao charme misterioso de uma paisagem brilhante composta por madrepérola e diamantes. Enquanto fileiras de diamantes baguete acentuam o estilo Art Deco deste modelo, o berço fecha-se num radiante conto de fadas: aninhados umas contra as outras de acordo com uma técnica de engaste denominada “snow setting”, as gemas ocultam por completo o metal no qual assentam, formando faixas orvalhadas entre as camadas de madrepérola. A dimensão do Calibre 101 é acompanhada pelo tamanho diminuto deste tipo de engaste – uma façanha considerável e impressionante se considerarmos a pequena dimensão das gemas que medem apenas 0,5 a 1,2 mm de diâmetro, assim como a delicadeza da superfície onde assentam.
Na versão masculina, o cenário desenrola-se sobre uma base negra e branca. O ônix e a madrepérola permitem ao Calibre 101 um fundo geométrico esplêndido emoldurado de ambos os lados pelas áreas esmaltadas da caixa em ouro branco. O trabalho decorativo e contrastante de embutido presta um tributo vibrante ao movimento Art Deco, evocando necessariamente as formas puras e lineares dessa época fascinante. Este modelo, eminentemente masculino, iluminado pelas aplicações de madrepérola, destila o tempo de uma forma técnica e esteticamente rigorosas que transformam a ilusão numa realidade brilhante.
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