Quote: Originalmente postado por Marcelo Melgaço em 28/02/2008 11:15:00

---

AVALIAÇÃO (REVIEW)
JAEGER-LECOULTRE MASTER RÉSERVE DE MARCHE

A Jaeger-LeCoultre é tida por muitos como um fabricante de nível similar à Patek Phillipe, Vacheron Constantin, Breguet e Audemars Piguet, mas que oferece seus produtos por um preço consideravelmente inferior aos desses concorrentes. Tornou-se conhecida no mundo da relojoaria como “A Manufatura”, pois em suas instalações reúne todos os recursos de mão-de-obra, tecnologia e infra-estrutura necessários para projetar, fabricar e montar todas as peças – sem exceção – de seus relógios, sendo imensamente respeitada por esta capacidade.

Eu havia comprado em 2005 um TAG Heuer Carrera Tachymetre, um sonho realizado, pois há mais de 15 anos sonhava em ter um relógio automático. Como sempre fui aficionado por cronógrafos o TAG Heuer foi uma escolha que me deixou muitíssimo feliz.

Meu objetivo seguinte passou a ser a aquisição um relógio elegante, com linhas clássicas, o chamado "dress-watch". À medida que fui pesquisando sobre relógios e o mundo da alta relojoaria, interessei-me mais e mais pelas chamadas “complicações”, em especial a “reserva de marcha” ou reserva de corda. Esta função é particularmente útil em relógios de corda manual, pois indica ao usuário o quanto resta de corda de tal forma que se possa dar corda antes que o relógio pare, mantendo-o sempre em funcionamento. Por outro lado, os automáticos exercem um fascínio especial sobre mim. Apesar de não deixar de me encantar pela rotina de dar corda no relógio de tempos em tempos, o que remete às boas e velhas tradições, a função de “reserva de marcha” em um relógio automático é fascinante, pois permite observar o ponteiro que a mede subindo gradativamente à medida que o tempo passa e o movimento do pulso dá corda ao relógio.

A escolha do Jaeger-LeCoultre Master Réserve de Marche foi resultado de um processo de pesquisa que durou quase dois anos. Colecionei mais de 50 catálogos de diferentes marcas e pesquisei detidamente o assunto na Internet, além de contar com a inestimável opinião de especialistas na área, notadamente a de meu amigo César Rovel, idealizador e webmaster do site Relógios e Relógios.





Minha opção se deu, ainda, em razão da beleza do relógio, evidenciada no equilíbrio do mostrador, com os pequenos ponteiros azuis que medem os segundos, a data e a reserva de marcha, além do fundo em safira que permite observar a perfeição de seu movimento.



AVALIAÇÃO POR CRITÉRIOS:

PULSEIRA E FECHO: o fecho é do tipo deployant. Belo e confortável, mas requer um pouco de prática para abrir. Usuários mais “estabanados” podem vir a danificá-lo. Este tipo de fecho é muitíssimo bem-vindo sob o ponto de vista de conservação da integridade da pulseira, neste caso de couro de crocodilo, além de ser muito mais seguro do que o fecho tradicional (fivela).



OPERAÇÃO: simples e efetiva. O botão para acerto da data que para alguns poderia ser substituído pela tradicional operação via coroa é, em minha opinião, um plus que deixa o relógio ainda mais belo.

CAIXA: em aço. Não poderia ser de melhor qualidade. O polimento é de 1a. classe – conhecido como mirror-polishing, que deixa a caixa como um espelho – digno de uma obra de arte como um relógio Jaeger-LeCoultre. Outro aspecto percebido pelos mais atentos é o fato dos pinos (ou “asas”) que prendem a pulseira à caixa serem curvos, acompanhando o formato redondo da caixa, e não retos, como em outros relógios, o que deixa todo o conjunto mais harmônico.

DESIGN: Belíssimo! Clássico e elegante. Não recomendado para os amantes de relógios grandes e “modernosos”. A caixa de apenas (para os padrões atuais) 37 mm de diâmetro reflete esta característica.

LEGIBILIDADE: os ponteiros de segundo, data e reserva de marcha são azuis, podendo ser vistos como tal dependendo da luz e sua incidência sobre o mostrador – em determinadas posições parecem negros. A legibilidade da data é um pouco prejudicada em função do reduzido tamanho do seu mostrador e ponteiro.

CONFORTO NO PULSO: a coroa tem o inconveniente de estar posicionada em uma posição relativamente baixa em relação ao plano horizontal da caixa, o que a leva a “roçar” sobre o braço ou pulso dependendo da situação. Posso dizer que é a única ressalva que tenho quanto ao relógio.

MOVIMENTO: o calibre 938 faz parte da última geração de movimentos da Jaeger-LeCoultre – com destaque para o balanço free-sprung, em que a regulagem é feita por meio de parafusos excêntricos, e rolamento da massa oscilante composto de esferas de cerâmica. Seus 41 rubis dão uma idéia da complexidade do movimento, sendo um dos diferenciais que salta à vista de qualquer amante da relojoaria a destreza da manufatura em ser capaz de juntar 273 componentes – que formam este calibre – num espaço tão pequeno. O teste de 1000 horas realizado pela Jaeger-LeCoultre é garantia de funcionamento confiável. Outro aspecto deveras interessante e agradável – ao menos para mim – é o ruído do movimento, que se houve nitidamente. Assim como o ronco de certos motores, é música para os meus ouvidos. Vale ainda ressaltar a visão, através do fundo de safira, dos 17 parafusos azuis que são usados na fixação das peças do movimento. Em suma: uma obra-prima da micromecânica.



PRECISÃO: em relação a um relógio digital quartz, que usei como referência, a variação foi de + 1 segundo num período de 24 horas – resultado da alta qualidade intrínseca ao movimento e do teste de 1000 horas ao qual foi submetido. Impecável!

AVALIAÇÃO GERAL: a Jaeger-LeCoultre é tida como uma das melhores – senão a melhor – marcas em termos de custo-benefício no mundo da alta relojoaria. O Master Réserve de Marche encaixa-se com perfeição neste conceito de relógios de altíssima qualidade a um preço extremamente competitivo que caracterizam os produtos da Jaeger-LeCoultre. Alguns entusiastas consideram o Jaeger-LeCoultre Master Réserve de Marche um dos mais belos relógios já produzidos, em função de seu design, elegância e excelência do movimento. Minha opinião, apesar de obviamente suspeita, é a mesma.

Marcelo Melgaço

---

Quanto ao azulamento dos ponteiros, tive a oportunidade de verificar in loco, durante a minha visita à JLC no ano passado, que o processo é feito artesanalmente, em um pequeno forno.

Quote: Originalmente postado por Cigano em 21/06/2010 18:01:11

---

Quanto ao azulamento dos ponteiros, tive a oportunidade de verificar in loco, durante a minha visita à JLC no ano passado, que o processo é feito artesanalmente, em um pequeno forno.

Não só dos ponteiros, os parafusos do movimento também recebe o mesmo tratamento!

Belo JLC, parabéns! É uma peça dos sonhos de muitos por aqui !!

---