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Foto por César Rovel
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Exemplares do Moonwatch exibidos no Museu Omega
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Um Moonwatch em versão moderna, calibre 1863

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Como o Omega Speedmaster se tornou o Moonwatch

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Em 2009 o mundo comemora os 40 anos da primeira alunissagem. Um dos mais importantes feitos científicos da história humana, é também um grande marco na história da Omega. Foi em 21 de Julho de 1969 que um modelo Speedmaster se tornou o primeiro relógio utilizado na Lua.


Os testes da NASA

A história de como o Omega Speedmaster se tornou o Moonwatch – o único relógio de pulso aprovado pela NASA para todas suas missões espaciais tripuladas – já foi contada tantas vezes e de tantos modos que às vezes se torna difícil precisar aonde termina a realidade e aonde começa o mito.

A história real, sem necessidade de adornos fantásticos, é tão assombrosa que vale a pena voltar aos anos 60 do século passado e reexaminar como o Speedmaster foi escolhido, a dureza dos testes a que este e outros cronógrafos de diferentes marcas foram expostos e, finalmente, como foi eleito entre seus competidores para acompanhar cada vôo espacial tripulado, desde março de 1965; embora antes já tivesse sido utilizado pelos astronautas em seus vôos, como sucedeu, por exemplo, com Gordon Cooper, na missão da nave Faith 7, em 15 e 16 de maio de 1963, dentro do programa Mercury.


Selecionado para competir

Tudo começou em 1961, quando dois empregados da NASA, incógnitos, visitaram várias relojoarias de Houston, incluindo Corrigan’s, então a relojoaria-joalheria mais importante da cidade.

Os homens da NASA adquiriram cinco cronógrafos de diferentes marcas, com o objetivo, supõe-se, de descobrir qual era o melhor relógio para os astronautas no espaço exterior.

De fato, o programa espacial Mercury de vôos tripulados por um único astronauta estava quase encerrado (de fato, Wally Schirra já havia levado seu próprio Speedmaster no vôo Mercury de 3 de outubro de 1962) e a NASA preparava as missões Gemini (dois tripulantes) e Apolo (três). Planejava-se que os astronautas destas últimas missões sairiam ao espaço, fora da nave. Um dos componentes-chave de seu equipamento teria que ser um relógio que resistisse às duras condições do espaço.

Porque, a cada vez que um astronauta suspenso no vácuo espacial girasse seu pulso, o relógio seria exposto brusca e sucessivamente à sombra e aos raios não filtrados do sol, com choques térmicos superiores a 100° C. Na Lua, objetivo declarado do presidente Kennedy e da NASA, as condições seriam ainda mais duras: a temperatura na superfície lunar oscila entre -160° e +120° C.

Os cientistas da NASA conceberam uma serie de testes duríssimos, a fim de determinar qual relógio suportaria melhor os desafios extremos do espaço e se escolheram seis marcas de cronógrafo, três das quais foram imediatamente descartados; as outros três foram postas à prova – sendo dois cronógrafos iguais por marca. Destes, somente o Omega Speedmaster superou os altos níveis exigidos pela NASA. Mais de quarenta anos depois, o Omega Speedmaster seguiu acompanhando cada vôo espacial tripulado e segue sendo até hoje o único relógio que foi utilizado na Lua.

Ordenada cronologicamente, a história se desenrolou assim: em 29 de setembro de 1964, a NASA fez um pedido de dois Speedmaster, para “testes de avaliação”, a um preço de 82,50 dólares por unidade. Os relógios teriam que ser entregues antes de 21 de outubro do mesmo ano, data de início dos citados testes.


As rotinas de avaliação

A NASA pôs em prática seus procedimentos de avaliação e definiu o caminho a seguir, com uma precisão mais do que minuciosa. Este conjunto de rotinas se chamou “Qualification Test Procedures” e pode ser resumido assim:


A - A cada relógio será dada corda pouco antes de cada teste.

B - O cronógrafo deverá ser acionado durante e entre cada teste individual. O teste de funcionamento do cronógrafo deverá ser repetido antes e após cada teste em intervalos de 2 horas, ou em caso de falha ao fim de 6 horas.

C - A precisão de marcha deve ser comprovada antes e depois de cada teste e, se for possível, a cada hora durante cada teste e em períodos iguais, não maiores que duas nem menores que seis horas, entre cada teste. Antes de cada fase de avaliação deve-se:

• Identificar o relógio.
• Anotar a hora oficial (em horas, minutos, segundos).
• Comparar simultaneamente a hora marcada pelo relógio a testar (horas, minutos, segundos).

Embora se controlasse a precisão durante cada teste, não deveria ser interrompida a medição cronográfica do tempo, mas dever-se-ia registrar o seguinte:

• Identificar o relógio.
• Anotar a hora oficial (em horas, minutos, segundos).
• Comparar simultaneamente a hora que indica o relógio controlado (horas, minutos, segundos).
• Registrar o grau de erro do cronógrafo (horas, minutos, segundos).

D - Em cada controle de precisão deve-se comprovar também que a caixa, o cristal, o mostrador, os ponteiros e os pulsadores não tenham sofrido nenhum dano e que não haja rastros de umidade abaixo do cristal. Toda anomalia deve ser registrada.

E - Se o relógio testado apresentar alguma das seguintes anomalias, deve ser excluído do procedimento de avaliação:

• O relógio parou e não pode ser colocado em marcha novamente.
• A função de cronógrafo parou e não pode ser colocado em marcha novamente.
• O relógio pôde ser posto em marcha, mas parou pela segunda vez.
• O cristal rachar ou se partir.
• A haste da coroa ou algum dos pulsadores do cronógrafo se quebrou.


Onze para as três

As três marcas (seis cronógrafos) que haviam passado a fase de pré-seleção teriam que enfrentar-se em onze testes diferentes: as mais rigorosas e duras provas da história da relojoaria.

1. Alta temperatura
48 horas a uma temperatura de 71° C, seguidas de 30 minutos a 93° C. Isto, sob uma pressão de 5,5 psia (libras por polegada quadrada absoluta = 0,35 atm) e uma umidade do ar relativa não superior a 15%.

2. Baixa temperatura
4 horas a uma temperatura de -18° C.

3. Temperatura - Pressão
Na câmara de pressão, a um máximo de 1,47 x 10-5 psia (10-6 atm), os relógios teriam de suportar primeiro uma temperatura de 71° C durante 45 minutos e, depois, uma temperatura de -18°C durante outros 45 minutos, para passar de novo a 71° C por 45 minutos mais. Este teste se repetiria outras quinze vezes.

4. Umidade relativa
240 horas a una temperatura que oscila entre os 20° C e os 71° C, com uma umidade relativa de, ao menos, 95%. O pH do vapor de água deve situar-se entre 6,5 e 7,5.

5. Atmosfera saturada de oxigênio
O relógio em teste permanecerá, durante 48 horas, em uma atmosfera de oxigênio puro, 100%, a uma temperatura de 71° C e uma pressão de 5,5 psia (0,35 atm). O funcionamento abaixo dos limites especificados ou fora das margens de tolerância, a presença de queimaduras, a formação de gases tóxicos, o desprendimento de odores acres ou a deterioração das juntas ou lubrificantes significam que o relógio fracassou no teste.

6. Impacto
6 impactos de 40 g (40 vezes a força gravitacional), com uma duração de 11 milissegundos cada um e em 6 direções diferentes.

7. Aceleração
Linear de 1 a 7,25 g en 333 segundos, ao longo de um eixo paralelo ao eixo longitudinal do veículo espacial.

8. Descompressão
No vácuo: 1,47 x 10-5 psia (10-6 atm), 90 minutos a uma temperatura de 71°C e 30 minutos a 93°C.

9. Alta pressão
Pressão de 23,5 psia (1,6 atm) durante 60 minutos no mínimo.

10. Vibrações
3 ciclos de 30 minutos (obliquamente, horizontalmente e verticalmente). A frequencia variará entre 5 e 2000 Hz e voltará a 5 Hz em 15 minutos. A aceleração média por impulso deverá ser, ao menos, de 8,8 g.

11. Ruído
130 decibéis em uma banda de frequencia situada entre os 40 e os 10.000 Hz, durante 30 minutos.


Os resultados

Por um comunicado datado de 1° de março de 1965 se conheceu o resultado dos testes. Entre as três marcas de cronógrafos concorrentes, um cronógrafo falhou por duas vezes no teste de umidade relativa, antes de parar definitivamente durante o teste de alta temperatura, já que o segundeiro central se havia retorcido e enroscado nos outros ponteiros. A marca foi eliminada.

O cristal de outro cronógrafo, de diferente marca, se deformou e saltou do aro, durante o teste de alta temperatura. Ao segundo da mesma marca que o anterior ocorreu o mesmo durante o teste de descompressão. A marca foi eliminada.

Somente o Omega Speedmaster superou todos os testes. A NASA divulgou assim a notícia: “Foram realizados os testes de funcionamento e de ambientação espacial dos três cronógrafos selecionados; como resultado, os cronógrafos Omega foram calibrados e entregues a três membros das tripulações GT-3 (Gemini Titan III)”.

Esta frase, tão comedida e sóbria, era, de fato, a declaração oficial de que, daquele momento em diante, o Omega Speedmaster seria o único relógio atestado para todos os vôos espaciais tripulados e se converteria em uma parte irrenunciável do legado da Omega. O mesmo comunicado afirmava também: “Os resultados das avaliações operacionais por parte dos astronautas mostram uma preferência unânime pelo cronógrafo Omega com respeito às outras duas marcas, devido à sua maior precisão, fiabilidade, legibilidade e facilidade de manejo”.

Una irônica nota final: a Omega somente se inteirou das andanças espaciais do Speedmaster, ao reconhecê-lo em uma fotografia de Ed White tirada durante o primeiro passeio espacial norte-americano, como parte da missão Gemini IV, em junho de 1965. A empresa pediu confirmação à NASA, confirmação que recebeu quase um ano mais tarde, em abril de 1966.
 
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