1967, vencedor do GPHG 2020 como Revelação Relojoeira
domingo, 15 de novembro de 2020
O novo 1967 é a mais recente criação da Petermann Bédat, uma das mais novas e promissoras marcas da cena relojoeira independente Suíça. O modelo foi o vencedor do GPHG 2020 na categoria Revelação Relojoeira.
A amizade entre Gaël Petermann e Florian Bédat começou há muito tempo, quando eles dividiam o mesmo banco na escola de relojoaria de Genebra, onde estudaram de 2007 a 2011.
Após 2 anos e meio trabalhando na Harry Winston, em Genebra, Florian reencontrou Gaël na A. Lange & Söhne, em Glashütte, na Alemanha.
Em setembro de 2014, Gaël retornou à Suíça para se juntar à equipe de Svend Andersen, em Genebra, onde começou a restaurar relógios antigos e complicados.
Dois anos depois, Florian decidiu se juntar a Gaël e eles abriram uma oficina de restauração em Renens. Em novembro de 2017, foi criada a empresa Petermann Bédat Sàrl.
A escolha da cidade de Renens, próxima a Lausanne, foi bastante influenciada pela proximidade da oficina do mestre relojoeiro Dominique Renaud, cofundador da famosa Renaud & Papi. A chance de trabalhar tão perto de Dominique foi uma oportunidade inspiradora que não poderia ser desperdiçada.
A oficina recebia trabalhos de colecionadores e também da Christie’s. Eventualmente, Renaud pedia ajuda a Florian e Gaël no trabalho de decoração de suas criações e em troca os ajudou a criar o seu primeiro movimento.
Conçu et Réalisé à Renens (Concebido e Produzido em Renens)
Em 2017, Petermann e Bédat decidiram criar seu primeiro movimento, idealizado com a ajuda de Dominique Renaud. Este primeiro passo seria um calibre com três ponteiros - a expressão mais simples do tempo, mas com um toque de sofisticação: uma indicação de segundos mortos – o “1967” estava a caminho.
Influenciada por relógios de bolso e pela melhor relojoaria alemã, a Petermann Bédat apresentou seu primeiro relógio em 2018, o Calibre 171, equipado com um notável movimento de 30 mm de diâmetro e indicação de segundos-mortos.
O movimento foi fabricado em Renens, com cada detalhe feito com o mesmo desejo de perfeição. Pontes de prata alemã, espiral Breguet, polimento negro, chanfros polidos, tudo acabado à mão com o máximo cuidado. Isto vale mesmo as partes que nunca serão vistas, pois Petermann e Bédat desejam demonstrar que a nova geração de relojoeiros ama o seu trabalho e honra as tradições tanto quanto seus ancestrais.
Para o dispositivo de segundos mortos, o sistema Gafner - desenvolvido durante os anos 1940 por Robert Gafner, um professor da escola de relojoaria de La Chaux-de-Fonds - foi a inspiração.
O sistema possui um trem de engrenagens independente e um escapamento de elaborada construção para os segundos saltantes, apoiados sob uma grande ponte de aço fosco sobre a ponte de três quartos.
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Este escapamento secundário é guiado pela quarta roda do trem principal. No seu centro, uma âncora de quatro braços com quatro paletas de rubi converte o movimento contínuo do trem de engrenagens em um salto do ponteiro de segundos.
Trata-se de um sistema que exige grande habilidade para se ajustar, mas ao mesmo tempo oferece um grande espaço para a criatividade. A âncora dos segundos é o componente mais complexo de se fabricar, e deve ser ajustada manualmente ao centésimo de milímetro. Aqui, é a habilidade excepcional do relojoeiro que faz a diferença entre o movimento funcionar ou não.
Para o órgão regulador, eles desejavam uma roda de balanço de tamanho generoso, o que resultou em um diâmetro de 11,5 milímetros, com uma frequência clássica de 18.000 alternâncias por hora, típica dos antigos relógios de bolso.
Aninhado acima da roda do balanço e também inspirado na era de ouro dos relógios de bolso, foi escolhido um regulador “pescoço de cisne”, sem dúvida o instrumento mais elegante para o ajuste de marcha.
O sistema Gafner também proporcionou aos dois jovens relojoeiros a oportunidade de usar e reviver técnicas tradicionais, como o acabamento fosco profundo da ponte dos segundos mortos. Obtida com “poudre du levant” (pirofosfato e carbonato ácido de sódio) misturado com azeite de oliva, esta técnica era tradicionalmente usada em relógios de bolso Grande Sonnerie, mas desde então quase foi esquecida.
Totalmente decoradas à mão, a platina e as pontes de prata alemã exibem diferentes tipos de acabamento em ambas as faces: chanfrados internos, polimento espelhado negro em peças de aço, Côtes de Genève, sunray e perlage.
Mas por que o nome 1967?
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Pulando de um segundo para outro, 1967 é um nome intrigante para relojoeiros nascidos nos anos noventa: a razão disso é uma brincadeira de cunho histórico. Foi em 1967 que o primeiro movimento a quartzo começou a fazer “tique-taque”, com o ponteiro dos segundos saltando de um segundo para outro, exatamente como um ponteiro de “segundos mortos”.
O 1967 é um “upgrade” do Calibre 171, o primeiro relógio lançado pela dupla. Considerando o 171 como o prefácio de sua história, a Petermann Bédat apresenta o 1967 como seu primeiro capítulo, contando agora com um desenho de Barth Nussbaumer do Barth Studio, o que proporcionou o estabelecimento de uma linguagem visual para a marca, com a qual ela pretende escrever muitos e mais interessantes capítulos.
Elementos de design - uma mistura sutil
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O design da Petermann Bédat é uma mistura sutil do gosto de Gaël e Florian, um coquetel equilibrado feito de influências técnicas e estéticas do século 19 como elementos básicos, alguns códigos de design de meados do século 20 para o corpo e um toque final de modernidade. O resultado é um ponto de vista nítido sobre o que é a alta relojoaria de hoje.
Mostrador
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Emoldurado por uma caixa clássica de 39 mm inspirada na era de ouro dos anos 60, o mostrador representa a nova linguagem de design da marca. Este novo mostrador semiaberto, produzido pela Comblémine de Kari Voutilainen, foi criado para destacar o funcionamento do movimento e seu acabamento.
Os recortes da placa central foram concebidos para destacar alguns dos rubis, pois eles são um dos elementos vitais do movimento e também dão uma percepção do que está acontecendo por trás. Esses recortes, assim como aqueles sob o anel externo de safira, são como peças de um quebra-cabeça prestes a ser montado.
A estrela do 1967 são definitivamente os segundos, portanto é justo que seja feita referência à faixa de segundos (segunderia?) ao invés de um trilho de minutos (minuteria). O design gráfico deste trilho de segundos brinca com as mesmas ideias de linhas recortadas, com pausas que enfatizam visualmente a ideia de pular de um segundo para outro em uma corrida de cerca sem fim.
Os ponteiros têm um design único, e contribuem para essa ideia fundamental de reunir elementos de diferentes épocas para construir um relógio moderno. Algo como um ponteiro dauphine combinado com um ponteiro do século 19. Este design único permite a utilização de técnicas ancestrais, tais como chanfrado, polimento negro e “berçage”. São ponteiros feitos por mãos humanas.
Uma complicação sutil e exclusiva
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O Petermann Bédat 1967 é um relógio que une classicismo e modernidade com uma complicação aparentemente “simples” – segundos mortos, mas que na realidade é de difícil execução em um relógio mecânico.
A execução e o acabamento são impecáveis, resultando em um produto bastante atraente. A exclusiva edição é limitada a 10 peças em ouro branco e 10 peças em ouro rosa.
Petermann Bédat 1967 - Ficha técnica
Movimento
Movimento a corda manual in-house com indicação de segundos mortos Calibre 171
Diâmetro do movimento: 30,00 mm
Número de componentes: 160
Número de rubis: 29
Frequência: 18.000 alternância/hora
Reserva de marcha: 36 horas
Pontes e platina feitos de Prata alemã
Todas as peças metálicas feitas em aço
Espiral com curva terminal Breguet
Caixa
Em ouro branco ou rosa 18K
Diâmetro: 39,00 mm
Espessura da caixa: 10,70 mm
Vidro de safira convexo, com revestimento antirreflexos
Mostrador
Produzido pela Comblémine de Kari Voutilainen, com um círculo interno de latão e um anel externo de safira, sobre uma placa de latão com um recorte entre 1 e 4 horas
Jateado, chanfrado e polido à mão
Ponteiros de ouro ou aço azulado feitos à mão
Preço
59.800 Francos Suíços, sem impostos
Artigo originalmente publicado na Revista Pulso ed. 130, Set/Out 2020