A Manufatura Roger Dubuis nasceu no ano de 1995, como resultado de uma parceria entre o português Carlos Dias e o relojoeiro suíço Roger Dubuis. No início utilizando modificações de mecanismos já existentes, a partir de 1999 assumiu a condição de Manufatura genuína, pois então já utilizava apenas movimentos produzidos internamente.
Segundo o próprio Carlos Dias afirmou, o “status” de Manufatura apenas foi assumido pela Roger Dubuis quando ela o mereceu.
Estabelecida desde 2001 em Meyrin, no Cantão de Genebra, a empresa possui uma sede provida de equipamentos ultramodernos, capazes inclusive de produzir, desde o ano de 2003, seus próprios órgãos reguladores – o conjunto balanço-espiral, um fato raro mesmo entre grandes manufaturas suíças.
No espaço de tempo de apenas 13 anos, a Roger Dubuis desenvolveu mais de 30 mecanismos distintos, desde aqueles desprovidos de complicações até movimentos altamente complicados, que incluem turbilhões, calendários perpétuos e “sonnerie”. Todos exibindo o prestigiado Selo de Genebra, fato inédito na indústria suíça, um atestado de sua extrema preocupação com a qualidade de seus produtos e a preservação dos valores mais tradicionais da alta relojoaria helvética.
A coleção Excalibur
Entre as 10 coleções de relógios criadas pela marca, a coleção Excalibur, portadora do nome da legendária espada do Rei Arthur, destaca-se por já ter abrigado todo o extenso leque de complicações produzidas pela Manufatura.
Apresentada em 2005, tendo recebido desde cronógrafos aos repetidores de minutos, passando por calendários perpétuos e turbilhões, a sua inconfundível caixa redonda tornou-se emblemática de todo o “savoir-faire” da Roger Dubuis.
O modelo Excalibur acrescentou ao tradicional formato redondo elementos estéticos inovadores e poderosos, como a fixação de sua pulseira por garras triplas, o aro canelado, o refinado protetor de coroa e o seu diâmetro. Aliás, a Roger Dubuis sempre foi caracterizada por relógios de grandes dimensões, tendo sido uma das responsáveis pela sua “popularização” entre as marcas de alta relojoaria.
O Excalibur Duplo Turbilhão Esqueleto
O SIHH 2009 foi o palco da apresentação de um relógio muito especial, o Duplo Turbilhão Esqueleto, uma peça que se constitui em uma grandiosa demonstração de muitas das extraordinárias habilidades dos relojoeiros da Roger Dubuis.
O trabalho particularmente exigente de esqueletização resulta em uma obra-prima de leveza e transparência, que ressalta espetacularmente a beleza do duplo turbilhão em toda sua complexidade.
Este novo mecanismo, o calibre RD 01 SQ, foi criado a partir do movimento com duplo turbilhão calibre RD 01, apresentado originalmente em 2005, quando a coleção Excalibur foi lançada.
Este possuia três complicações adicionais: uma indicação de minutos retrógrados, horas saltantes e a indicação da reserva de marcha, esta no verso do mecanismo. Além disso, os dois turbilhões moviam-se em sentidos opostos.
No novo Duplo Turbilhão Esqueleto, o movimento foi simplificado para ressaltar a esqueletização, pois a clareza de sua visualização ficaria prejudicada em um mecanismo muito complicado. Optou-se também pelo sentido único de giro dos dois turbilhões.
Assim, o calibre RD 01SQ traz unicamente as funções de horas e minutos centrais, com ponteiros que varrem toda a extensão do mostrador. Este movimento esqueleto a corda manual possui dimensões de 16’’’ ¾ linhas (37,78 mm) de diâmetro e 7,67 mm de espessura, com 28 rubis e um total de 292 componentes.
Seu balanço oscila a uma frequencia de 3 Hz (21.600 alternâncias por hora) e sua reserva de marcha é de 48 horas.
Os dois turbilhões voadores (ou volantes) encontram-se nas posições entre as 4 e 5 horas e 7 e 8 horas.
Sua decoração inclui granulamento circular e revestimento em ródio negro, o que lhe confere uma aparência absolutamente peculiar.
Dupla precisão
O turbilhão é um dispositivo inventado por Breguet para a compensação da ação da gravidade sobre o órgão regulador do relógio em função das variações de posição do relógio. Embora de pouca utilidade prática nos modernos relógios de pulso, sua beleza é indiscutível.
Sua dupla presença em um relógio, e não poderia ser de outra forma, multiplica o encantamento gerado pela observação de seu bailado no mostrador.
Os dois turbilhões são conectados por um diferencial que calcula a marcha média entre ambos, ou seja, ocorre uma compensação das eventuais variações entre eles.
A esqueletização
A transformação do mecanismo de um relógio em um esqueleto é muito mais do que simples recorte de suas platinas, pontes e outras peças.
Ela exige estudos para que se evite a ocorrência de alterações estruturais do mecanismo e uma extrema destreza em sua execução e no seu acabamento, obrigatoriamente manuais.
O resultado do trabalho de esqueletização da Roger Dubuis, associado à sinfonia de movimentos do duplo turbilhão, é deslumbrante. O mecanismo, reduzido ao mínimo necessário mecânica e funcionalmente, pode ter as minúcias de seu funcionamento totalmente desvendadas.
A caixa Excalibur
Como se não bastassem todas as características mecânicas e estéticas deste mecanismo único, a caixa Excalibur em ouro branco lhe confere ainda mais personalidade. Ela possui um diâmetro de 45 mm e é estanque até 50 metros de profundidade.
A flange revestida em ródio negro possui rubis como marcadores de horas, além da minuteria e da assinatura Roger Dubuis transferidos em branco.
O modelo é complementado por uma pulseira em couro de crocodilo preto com fecho “déployant” em ouro branco.
Uma jovem tradição
A Roger Dubuis, a despeito de ser um fabricante jovem entre centenárias manufaturas, firmou-se no cenário da alta relojoaria com grande competência.
Atualmente pertence ao Grupo Richemont, juntamente de outras marcas de muito prestígio; se por um lado perdeu a sua independência, por outro passou a se beneficiar das vantagens de um grande grupo, em especial de sua estrutura de distribuição.
Seus relógios extremamente luxuosos e muitas vezes extravagantes possuem uma identidade própria e um estilo único, inconfundível.
O novo Excalibur Duplo Turbilhão Esqueleto é um relógio muito especial e exclusivo, e será produzido em uma edição bastante limitada de 28 exemplares.
Publicado originalmente na Revista Pulso no. 61, Março/2009
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