Visita à Manufatura Girard-Perregaux
Por Carlos E. Tiburcio Ramos*
Uma das mais antigas manufaturas relojoeiras suíças ainda em atividade, fundada em 1791, a
Girard-Perregaux tem uma história marcada por inúmeras realizações de grande destaque.
Do turbilhão com três pontes de ouro ao estabelecimento da freqüência-padrão dos movimentos a quartzo, os feitos da Manufatura conferiram-lhe uma reputação inabalável no universo da alta relojoaria suíça.
Nossa visita à Manufatura Girard-Perregaux, na tranqüila cidade de La Chaux-de-Fonds, Suíça, se deu no dia 19 de Junho de 2008, em uma bela manhã de sol e calor.
Fomos recebidos em sua sede, situada no número 1 da Place Girardet, pelo diretor da JeanRichard (sua marca-irmã, dentro do Grupo Sowind), Sr. Jacques Ourny.
A visita teve início no setor de produção das bases dos movimentos. Aqui, domina a alta tecnologia das máquinas de controle numérico, onde chapas e barras de materiais como latão, aço e ouro são transformadas, com grande precisão, em pontes e platinas.
A Manufatura produz anualmente aproximadamente 22.000 movimentos, sendo cerca de 10.000 para a Girard-Perregaux, 5.000 para a JeanRichard e 7.000 para outras marcas (Vacheron Constantin, Harry Winston, Cartier, Boucheron, etc.).
Existem hoje em produção 10 movimentos básicos, que se declinam em um total de 40 movimentos para a Girard-Perregaux e a JeanRichard.
Entre eles, o histórico Turbilhão com Três Pontes de Ouro, um dos mais emblemáticos modelos da Girard-Perregaux, em que o(a) relojoeiro(a) permanece uma semana polindo cada uma das pontes do Turbilhão com um pequeno bastão de uma madeira especial, muito leve.
Na seqüência, o controle de qualidade das bases, onde entre outras operações são avaliadas as corretas dimensões das peças produzidas.
As bases de movimentos recebem a seguir diversos tipos de acabamento. Entre eles, feito manualmente com o auxílio de máquinas, o granulamento circular (um tipo de decoração de superfície composto de círculos ligeiramente sobrepostos), o polimento e o chanfrado.
Prosseguimos pela produção das caixas dos relógios, onde máquinas de controle numérico de 5 eixos têm destaque. Os materiais utilizados nas caixas são o ouro, aço, titânio e paládio.
Visitamos um atelier onde era montado um movimento com repetição de minutos, com mais de 600 peças, e o atelier de pintura com esmalte, feita de modo totalmente manual (email). A paleta de cores é fantástica, e é digno de nota que hoje em dia não existem mais do que 5 profissionais em toda a Suíça capazes de dominar esta técnica de pintura com esmalte, sendo que uma das mais talentosas “pintoras em esmalte” trabalha hoje para a Manufatura GP.
Chegamos então a um dos pontos mais aguardados de nossa visita: o laboratório avançado de testes e simulações. É o local onde está sendo desenvolvido e testado o novo e revolucionário
Echappement Constant (Escapamento Constant), a grande novidade da Girard-Perregaux, apresentada no SIHH 2008, em Genebra.
Uma grande inovação técnica, o "Echappement Constant" é um escapamento de força constante assim denominado em tributo ao relojoeiro Constant Girard. Constituído por cinco peças, seu componente estratégico é uma finíssima lâmina de silício, cujas propriedades elásticas permitem a entrega de energia constante.
Pudemos observar os protótipos em funcionamento, e fomos informados de que ele estará presente em relógios Girard-Perregaux, provavelmente associado a outras complicações, dentro de dois anos.
Com relação ao Escapamento Constant, em breve Relógios & Relógios fará uma apresentação em detalhes desta importante inovação.
Percorremos então as salas de controle e teste de qualidade dos movimentos.
Concluída a visita à Manufatura, visitamos o Museu Girard-Perregaux, situado na famosa Villa Marguerite. Seu enfoque principal está nos relógios clássicos. De seu acervo fazem parte peças como o “La Esmeralda”, o mais celebrado exemplo do famoso Turbilhão com Três Pontes de Ouro, a obra-prima de Constant Girard, produzido em 1889. Este exemplar em especial foi dado ao Presidente do México no final do século XIX.
Nosso périplo pelo Grupo Sowind encerrou-se no Museu JeanRichard, onde constatamos que o foco está em equipamentos antigos da indústria relojoeira. Entre eles, tornos, bancadas e equipamentos de teste.
Nossa visita possibilitou a percepção dos métodos e processos de produção que fazem da Manufatura Girard-Perregaux uma das mais respeitadas casas relojoeiras do mundo.
A mais avançada tecnologia, aliada ao minucioso e impecável trabalho manual dos mestres e artesãos, resulta em produtos ao mesmo tempo inovadores e perpetuadores das mais nobres tradições relojoeiras.
Gostaríamos de agradecer à Girard-Perregaux pela oportunidade da visita, e em especial ao Sr. Jacques Ourny, que tão gentilmente nos guiou. Ao Sr. Sébastien Talbot, muito obrigado por tê-la tornado possível.
*Carlos E. Tiburcio Ramos é colaborador de Relógios & Relógios e diretor da
Watch Cellar.
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